sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Encontro do dia 21/11/09 - Sábado

Espaço: Memória (E isso não é somente a indicação simples de onde estávamos)

Usamos a percepção dos ossos do próprio corpo como um começo do trabalho corporal. Desde os dedos do pé até o crânio, passando por toda a coluna e todo o resto. Deitados no chão, começamos a perceber como estamos apoiados, o que a nossa respiração traz de abertura, conforto ou o contrário. Sempre de olhos fechados e atentos.

Aos poucos, começamos a nos movimentar, se espreguiçando, relaxando o que estava tenso e acordando o que ainda dormia. Começando a dinamizar mais: o desafio era procurar contorções no corpo, oposições e, principalmente, encontrar movimentos e posições que nunca fizemos antes (o que exige coragem, soltura e percepção de quem participa...difícil e muito gostoso!). Também demos espaço aos sons, abrindo ainda mais a respiração.

Daí pra frente, como bem conhecemos, foi um crescente de movimento e expansão e ritmo. Percorremos todos os planos, formigas começaram a pinicar o corpo inteiro e jogá-las fora é como jogar toda aquela resistência que a gente tem pra se entregar, ou pra acordar, ou pra fazer o que mais nos tira do lugar confortável. Cansativo. E energizante.

Entramos em contato com uma outra pessoa. Mas não era qualquer uma e sim, aquela com quem ainda não trabalhamos muito. Interação e, mais uma vez, coragem e entrega pra esse exercício.

Quem surgiu depois foram as figuras do "gigantes". Ligar de novo aquele motorzinho que ficou um tempo parado, sentir o que ficou daquele ser, o que ele trouxe de novo. Mais ainda: ver você mesmo retratado pelo outro, se conhecer de novo, pescar o que pode ser interessante. E claro, a generosidade necessária para ser o espelho, para dar vida à vida desse seu novo par.

Encontramos outras figuras e conversamos com nossas palavras do texto. E as palavras verbais ou corporais (como no meu caso), seriam na peça pedaços de momentos diferentes. Mas ali, era uma coisa só, muito verossímil, porque estamos no mesmo mundo, queremos interagir, e todos os personagens tem as suas múltiplas nuances, boas e ruins.

Essa relação ficou guardada como um segredo, uma coisa especial entre dois personagens que talvez nem se encontrem na história que contamos, mas que continua existindo, e com isso talvez possamos sair um pouco da preocupação com quem eu sou, pra descobrir uma intensidade na outra figura também.

Daí, fomos para o "Gigantes" como ele está formado, tentando acrescentar aquela "dica" pro público de quem são esses estranhos que estão em casa e quem são esses estranhos que chegam. Passamos toda a peça e ao final não comentamos e nem ouvimos comentários. E no entanto, sei que todos nós ficamos com as próprias impressões e que estas talvez não sejam as melhores do mundo.

A oportunidade de apresentar de novo e ter mais encontros abre também a possibilidade de descobrir e elaborar coisas sobre esse universo que escolhemos. Ganhamos tempo pra deixar amadurecer as idéias e as sensações. Acordar o que gostamos desse texto, o que somos com ele.

Tomados de um certo choque, fomos para a rua e novamente nossos figurinos ou partes dele foram conhecer a cidade. Ali, os desafortunados teriam que mostrar toda essa poesia do seu mundo e os atores, contar a sua situação degradante e a sua história. Para cada pessoa foi uma coisa, boa e ruim, e prefiro comentar até aqui só.

Pós almoço, usamos as bolinhas de tênis cheias de dor...e de prazer também. Dá pra sentir o que é deitar realmente no chão. Estar afundado. Os sons exprimiam a dor, vibravam a bolinha e todo o corpo. De repente surge uma voz condutora diferente, uma voz masculina, que começa aos poucos a abrir possibilidades musicais.

Fizemos duas sequências minimais, terminando em um ritmo divertidíssimo de balada louca que a gente criou...música que nunca existiu e nem vai existir de novo, por isso o momento conta muito e empolga tanto. O bom é que sempre vai dar pra criarmos algo novo, cada um com a sua singularidade que completa o grupo. Ouvir o outro, sentir o outro e sustentar o outro. Ficam aí as sábias palavas que o Ronaldo nos deu.

Um abraçíssimo,

Lili

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

da poética ao espaço

''A gente se deu tão bem, que o tempo sentiu inveja, ele ficou zangado e decidiu que era melhor ser mais veloz e passar rápido..."

O segundo encontro extra do dia 14/11 começou leve e quente. Ainda não estamos todos, mas estamos, firmes e fortes, com o corpo que acredita na poética, na ação e na cena.
Alongamos em duplas, pra lembrar de tudo que temos de repertório juntos. Grandes, pequenos, próximos. O ritual da preparação para o trabalho é sempre gostoso e confortável, preciso dizer; respiração sagrada.

Pro chão. Um deitado do lado do outro; um poético surfando em cima de outros poéticos. Como o grupo se organiza para levar o outro que está por cima? Divertido, um divertido do grupo, um divertido onde todos os desafortundos riam juntos, os leves, os pesados, todos.

Daí, mãos num buraquinho da clavícula, até que o corpo não resiste e se entrega ao chão. Onde a respiração vai, como abrir mais espaços, como acalmar a inquietação da semana para prestar atenção em algo tão sutil, é abrir espaço para a poética passar. As costelas que se expandem para o ar entrar e circular. Trabalho difícil e delicado, sensível.

Para o texto. Em roda, com os textos nas mãos, lemos a primeira parte do espetáculo, tomando conto de novo com nosso personagem, com suas falas e suas respirações de texto. Juntos, batemos o texto em movimento num jogo que se tornou uma apressada dança das cadeiras. Quem perdia pagava a prenda do trabalho: abdominal. Rápido, ritmo. Lembrar da urgência que o texto pede, e onde pede. Lembrar de esquecer como falar o texto e brincar de novos jeitos. Lembrar de brincar. Brincar de lembrar, e esquecer.

Uma apropriação do texto, trazendo ele pra ponta da lingua e nos lembrando qual era o espaço nele que a gente podia respirar e criar sub-conversas, sub-textos. E deste estudo, separados em grupos, voltamos ao texto modificado e ao original para tentar entender o que do texto poderia ser aprimorado para que o texto chegasse mais ao público. O que o Pirandello não teve tempo de revisitar, o que nesta nossa maneira de contar o texto, pode ficar mais claro? A difícil tarefa de dirigir.

Após o almoço, levamos nossos figurinos para passear e participamos do Cortejo que deu início ao Cena Aberta (evento do qual honradamente participaremos no último dia!). Os grupos, e os artistas da cidade encontraram-se, coloridos, pra levar a arte para dar uma volta na cidade, chamando o povo pra olhar. Lá estávamos coloridos e calorentos, Spizzi, Quaquèo, Mara-Mara, Madalena. Foi bonito ver as nossas cores andando pela rua. Exercício bom, exercício que dá orgulho de contar. Estávamos e fizemos, ação: a poética do corpo na rua.
Faltou Ronaldo sábado, mas a gente espera ansioso pra que ele apareça esse sábado, e contamine a todos com aquela inquietação batucante que tanto nos cativa.

Só não esqueça. Inspirar em 4, segurar em 2, e soltar...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

gigantes ou poéticos?

Uma retomada dos Gigantes e, sobretudo do processo que se não nos fez verdadeiros Gigantes é porque entendemos bem "a farsa" que é ser um Homem Gigante em Pirandello...
Um encontro de poéticos, isto sim foi o último 07 de novembro na Camara.
Desafortunadamente nem todos estiveram presentes.
Cá estou para registrar, feito uma gigantilariada, o processo do ultimo encontro.
Se poderei ser fiel ao registro disso não tenho certeza. Ando meio cansada do trabalho gigantesco que tenho me envolvido, fosse os dias a poética do corpo em cena, não estaria dizendo isto.
Mas quanto a mim, não importa.
Vamos ao que rolou:
A respiração permeou todo processo bem como os sons, o caminhar, o texto, a palavra, a brincadeira, o corpo como instrumento.
Aquecemos todos esses aspectos..abrimos percepções.
As palavras do texto sendo escutadas com os olhos fechados, os diversos ângulos de escuta e encontro com o texto. Uma pesquisa dos sentidos e do texto.
O texto nas línguas (chines,russo, árabe, italiano, alemão...) Exercícios, processos que o texto passou. Lapidação.
As massagens dos sons (o corpo como instrumento, coluna=piano) o que conhecemos;
O calcanhar que inspira e o Joelho que expira; exercícios, exercícios gente.
Brincadeira do Cego com partes do texto, percepções, abertura para novas escutas e sentidos.
já disso tudo isso! Basta!
Deixo agora o registro das Impressões Imagéticas do Texto trabalhado das formas supracitadas. Registro esse que cada um dos presentes deixou sobre as imagens que aludem a experiencia no processo, confesso que ñ pude anotar tudo nos detalhes que cada um disse, mas vai aí fragmentos:
- DIVERTIDO, COLORIDO, CUMPLICIDADE, SENSAÇÃO DE LIBERDADE, PERMISSÃO E UMA PROPRIEDADE DAS POSSIBILIDADES DO TEXTO, COISA DE OUTRO MUNDO, ATMOSFERA LÚDICA, BRINCADEIRA E JOGO RÁPIDO, VERSATILIDADE PARA PERDER A TIMIDEZ, JANELA QUE SE ABRE E UMA CORTINA QUE APRESENTA AS POSSIBILIDADES.

A parte Ronaldo foi muito criativa, fizemos um baita som..
E lembre-se Ouvir, Sentir e Sustentar!
Mais uma vez lembre-se respire em 4, segure e solte. anotem!
Até Sábado


Com amor,
Danúbia

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Apresentação "Os gigantes da montanha"


Apresentação no Teatro Elis Regina

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

sobre o corpo II...

"Somos ainda demasiadamente reféns de um conceito de corpo como parte visível, carnal, muscular e óssea da pessoa. Mas já sabemos que a vontade que anima o sujeito, a condição de seu espírito, suas emanações, o arfar de sua respiração, o pulso e o tônus e sua fala, o modo como integra o espaço e habita, o objetivo de suas ações são também corpo." (p.30)

SETTI, Isabel. "O corpo da palavra não é fixo deixa-se tocar pelo tempo e pelos espaços" In Revista Sala Preta. Número 7 - 2007. Departamento de Artes Cênicas - ECA USP.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

sobre o corpo...

" Ao invés de lutar contra as limitações ou ocultá-las, aprender a ver
nelas o resultado da minha história. (...) Tudo o que posso e
o que não posso fazer, é o que me compõe. Encontrar as
marcas de minhas alegrias e tristezas, as impressões, as
cicatrizes. Ver em sua própria estrutura a reprodução de uma
mega-estrutura chamada Universo. Percorrer os próprios
vales, rios, montanhas, grutas que se tem dentro de si.
Assimilar o movimento cósmico, o eterno movimento da
energia e saber que como sentimento também é assim, que
os sentimentos estão sempre se transformando. Praticar
então o desapego."

VERDI, MARIA LIGIA FERREIRA. O Butô de Kazuo Ohno. Linha de pesquisa: Teoria e história do Teatro. Tese defendida no ano de 2000 na Universidade de São Paulo, sob a orientação do Prof. Dr. Sábato Antonio Magaldi.


Paula

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

frase de Pirandello

" É preciso haver um caos dentro de si, para gerar uma estrela dançante!"

sexta-feira, 31 de julho de 2009

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Fragmentação e Ruptura: formas de duplicação em "I Giganti della Montagna"


Aqui tem uma tese de mestrado sobre "Os Gigantes da Montanha". Tem muitas coisas interessantes, desde uma rápida passada pelas obras do Pirandello, até uma análise mais profunda das personagens Cotrone e Ilse.

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8148/tde-08112007-145809/

No final da página, tem o link para o download, em formato pdf.


Beijos,

Lilili

A CRIAÇÃO ENTRE O NADA E A PERENIDADE

Aqui vai mais um link em que encontrei um ensaio sobre a obra de Pirandello.
Esse tem como tema central o metateatro e estabelece um paralelo entre Os Gigantes da montanha e A Tempestade, última obra de Shakespeare. Ambas abordam temáticas como a persistência da arte perante a brevidade da vida e a porção de ficção que há na realidade.
Acho que vale a pena conferir!

http://www.uel.br/pos/letras/terraroxa/g_pdf/vol14/TRvol14a.pdf

Raquel

terça-feira, 7 de julho de 2009

DO ENCANTAMENTO AO PAVOR

DO ENCANTAMENTO AO PAVOR

É assim que Pirandello qualifica a sua última obra, «Os Gigantes da Montanha», quando está ainda a meio caminho no seu trabalho de escrita.

Humorous/Tragedy, este oximoro anuncia já uma tonalidade paradoxal, uma combinação de sombras e de luz, de encantos e crueldade.

Cotrone, o mágico poeta, porta-voz de Pirandello, convida-nos, do crepúsculo até à madrugada, no espaço duma noite, a rasgar a trama do tempo que passa. O seu território é uma «casa céu». Se se passar a porta, penetra-se num vasto quarto escuro, câmara de eco, lugar de todos os sortilégios.

Para provocar a travessia das aparências e o aparecimento da verdade escondida no fundo de cada um de nós, torna-se encenador. O teatro dele, o seu palco, é o inconsciente, diverte-se a fazer com que o Ser e o Parecer se confrontem.

Chega mesmo a fazer reluzir a tentação de se desfazer o parecer para sempre, em proveito da total liberdade do ser. O seu jogo: desembaraçar o impulso vital, reconhecer a pulsão da morte, aceitar os desejos escondidos «nas cavernas do instinto».

O subterfúgio é tanto mais eficaz quanto os seus hóspedes de uma noite são actores. São sete actores, últimos elementos de uma companhia desgastada, arruinada, com falta de um público para quem representar.

Ser e parecer, entre estes dois pólos oscila, precisamente, o trabalho dos atores. Cotrone lembra-lhes que a essência da arte está contida nos jogos dramáticos ou nos jogos divertidos da infância. Acreditar, abandonar-se como as crianças: então tudo se torna possível. E prova-o: in vivo.

Mas no nosso pobre mundo, aquele que Cotrone abandonou há muito, é o princípio de realidade que prevalece. Uma companhia de teatro, fixa ou itinerante, precisa do público para viver e para sobreviver.
Esta história expõe-nos o conflito trágico entre as razões irreprimíveis da arte e uma sociedade onde a arte já só tem a justificação do mercado.

Apesar do seu lado utopista e marginal, o mundo de Cotrone e dos seus amigos, os Scalognati, oferece, todavia, traços do real; é um mundo onde se exprime um certo realismo místico, um realismo mágico, e sobre tudo, um realismo metafísico.

Àquela fugitiva tentação de abandono, de renúncia, Ilse Paulsen, a grande actriz caída, resiste. Partirá, sozinha, para enfrentar os «Gigantes», enquanto as últimas palavras da peça ficam a ressoar de pavor no meio do ruído crescente: «Tenho medo, tenho medo…»

Será preciso segui-la até ao fim?
Será preciso prestar atenção ao aviso de Cotrone?
Será preciso vencer, ou ceder ao medo dos «Gigantes»?
Porque, finalmente, quem são aqueles «Gigantes»?
O «grande Outro»? As figuras impossíveis de olhar dos nossos medos ancestrais?
Uma parte de nós mesmos…
Os Gigantes da Montanha
No limite das forças, depois de uma infinita série de fiascos, uma companhia de actores chega a um lugar nso confins do mundo, habitado por um grupo de marginalizados, uns pobres, fora da história.
Este, o mote da peça de teatro 'Os Gigantes da Montanha', da autoria de Luigi Pirandello, que o encenador e cenógrafo italiano Giorgio Corsetti apresenta, até 11 de Outubro, no Teatro Nacional de São João.
Neste palco extremo, explica Corsetti, a representação dos atores confunde-se com a sua vida desesperada e todas as misérias existenciais escondidads são desveladas. Aqui pode ser interrompida, por um momento, a série de actos falhados de amor a que a vida obriga e todas as pulsações e sonhos ganham vida na verdade absoluta do teatro.
O mago Cotrone é o orquestrador desta matéria terrível e incompreensível do imaginário e do desejo arrebatador, livre e anárquico, em equilíbrio sobre o abismo donde espreitam as enormes e estólidas cabeças dos Gigantes, grandes ordenadores da matéria, devoradores do tempo.

domingo, 5 de julho de 2009

França no Brasil


Estão todos convidados!

terça-feira, 30 de junho de 2009

A Dúvida de Pirandello

Pessoas, para começarmos a nos aquecer...

Segue o link de um texto sobre Pirandello, que eu achei interessante postar pois apesar de usar exemplos de outros textos dele, ressalta características presentes no "Gigantes da Montanha". Sem contar que começa falando sobre a morte de Pirandello, momento em que ele escreveu a peça com que vamos trabalhar.

http://www.germinaliteratura.com.br/teatro_outubro05.htm

Boas leituras!

Raquel

sexta-feira, 19 de junho de 2009

a prosapoética da mentecorpo

A gente não tem um corpo, a gente é um corpo.

Mente X Corpo. A mente que briga com o corpo, que se separa dele. Aquela mente que pensa enquanto anda, e do andar, só andar. Um corpo que anda. Um corpo que é só uma estrutura, a carcaça na qual a minha alma se instalou pra uma vida. Distância, corpo é coisa de quem dança, e ainda assim, eu danço pra me sentir bem enquanto danço. Aí, a mente de novo tomando a frente e fazendo a carcaça se movimentar em prol do que ela deseja. Se mente deseja, corta o processo do corpo, e pára, se ela deseja, manda que o corpo se cale. "É uma fila de banco, corpo, aqui não é lugar pra dançar".

Mente + Corpo. Iniciamos um processo de abertura. Expansão. Abrir espaços. Afinal, porque meu corpo se sente tão cansado? Ah, falta de ar. Respira. Deixa os espaços que existem no seu corpo serem usados para o que eles podem e devem ser. Não ignore seus ossos, não ignore seu peso. Experimenta, porque é preciso ter vontade de experimentar o meu corpo pra ver até onde ele pode ir. "Quer mexer?". Até onde ele se cansa? Até onde ele consegue? Até onde é gostoso, e a partir de onde deixa de ser? Onde mora a curiosidade da mente de saber mais de si mesma?

MenteCorpo. O ar entra, às vezes eu noto, às vezes não, mas meus espaços já estão disponíveis. E se não estou, se estou tensa, reconheço; entendo e dou espaço pro corpo chegar. A mentecorpo já se respeita no desejo de permanecer, de esticar e de achar o conforto. E quando é preciso, a mentecorpo se provoca. É feito brincadeira de criança. Hora funciona bastante, hora perde o eixo. Mas a mentecorpo entende, doce de si, ri e continua.

A mente diz para o corpo que vai trazer suas experiências e suas curiosidades pra somar com os seus. O corpo, tímido na falta (que não faz) do verbo, de verbalizar, diz que aceita a brincadeira. Mas que às vezes quer brincar com música, ás vezes quer brincar com o silêncio.

mentecorporalmente,
Kéroly.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Performance ou Happening ?












































Virada Cultural Parque da Luz 2009



A dos Wayra Ñan é pra lá de pós-moderna


A performance, art performance ou performance artistística é uma modalidade de manifestação artística interdisciplinar que - assim como o happening - pode combinar teatro, música, poesia ou vídeo. É característica da segunda metade do século XX, mas suas origens estão ligadas aos movimentos de vanguarda (dadaísmo, futurismo, Bauhaus, etc.) do início do século passado.
Difere do happening por ser mais cuidadosamente elaborada e não envolver necessariamente a participação dos espectadores. Em geral, segue um "roteiro" previamente definido, podendo ser reproduzida em outros momentos ou locais. É realizada para uma platéia quase sempre restrita ou mesmo ausente e, assim, depende de registros - através de
fotografias, vídeos e/ou memoriais descritivos - para se tornar conhecida do público.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



Semana passada vinha eu trotando distraída pelas ruas do centro quando ao longe fui atraída pela estranha sonoridade de uma música eletro-mística . Ao me aproximar do local, na praça em frente à Igrejinha da Marechal, me deparei com uma performance pra lá de pós-moderna.
Índios vestidos com exuberantes penas e colares, em frente a um teclado e a uma parafernália de fios, além dos típicos instrumentos como flautas de bambu e outros penduricalhos percussivos animados ao ritmo dos pés, cantavam xamânicas canções ao microfone, enquanto um indiozinho, dançava, à maneira de um ritual, em volta de uma cesta forrada de notas de reais.
Uma família inteira (incluindo, além dos jovens músicos, um bebê pendurado às costas de uma mãe-índia e uma sábia anciã), vendia, a gorjetas irrisórias, a tradição ancestral dos índios equatorianos do Caminho dos Ventos.
As mulheres ofereciam aos curiosos transeuntes que se aglutinavam para assistir ao exótico espetáculo, além dos CDs dos artistas, objetos rituais banalizados nas esotéricas lojinhas da cidade, como a teia dos sonhos para afastar os maus espíritos oníricos.
E ainda quem quisesse tirar uma foto com o indiozinho acionando a câmera do celular, talvez ainda pudesse, com o consentimento deles, roubar a alma dos índios...


Claudia Sarro




domingo, 17 de maio de 2009

A fabulística saga de paixão e dor de duas bundas

Faço a minha primeira postagem com o propósito de registrar um momento do trabalho que, a meu ver, se revestiu de uma qualidade específica no que tange a propriedade instrumental.
Todos certamente se lembram que a orientação dada pela Paula para o improviso do sábado 16/05 foi a de utilizar o corpo como elemento poético da cena (obviamente, bem a propósito), enfatizando que não se deveria usar a palavra. Pois bem, logo com a primeira dupla (Caroly e Nádia), o que vi foi a apresentação tácita de dois corpos interagindo no espaço/tempo, aproximando-se, distanciando-se, ladeando-se, opondo-se, etc; e, me pareceu, com uma consciência muito clara das atrizes, uma adesão simples e eficaz a um possível limitado, mas dinamizado por uma reverberação interna. Quando, então, não mais que de repente, uma almofada cai do céu. E adivinhei só o que elas consideraram que aquilo fosse? Sim, isso mesmo: uma almofada! Ipso facto, as duas atrizes avançaram com suas respectivas bundas, sintomaticamente, para aquilo que agora era o objeto de seus desejos e, vupt!, a trama estava criada: DUAS bundas e UMA almofada. Sublime! Aí então (ajudem-me a lembrar os fatos), houve uma disputa pela posse da tal almofada, uma disputa corporal sem palavras mas com muita intenção, que foi vencida pela Caroly. Mas eis que, antes que a Nádia esboça-se sua reação, surgiram mais duas almofadas. Nádia, então, avançou para uma delas garantindo o seu quinhão, mas, é claro, isto não era o suficiente, afinal, não nos esqueçamos, ela havia sido derrotada e podia-se ver em seu rosto que ela não estava nada feliz com isto. E não podia ficar assim. Então, buscando um acerto de contas, Nádia arremete contra Caroly. Esta, por sua vez, não sei se entorpecida pelo gozo da vitória, ou avara de outras posses: por que apenas uma almofada?, havia mais outra lá totalmente disponível. E, oh!, não bastasse isso, cai do céu ainda mais uma. Pronto! Já ouviram falar em “calcanhar de Aquiles”? Sim, Caroly se deixa levar pelas tentações e comete a distração suficiente dando ensejo a que Nádia cumprisse seu maligno intento. Virou o jogo. Caroly então, desesperada, arremata a almofada mais próxima a si, mas que agora valia simplesmente nada, e na sanha de não se inferiorizar objetiva mais uma: OK! Duas almofadas cada uma. Ao menos ficaria em pé de igualdade com sua oponente. Pobre menina ingênua. Qual não seria sua surpresa quando Nádia,veperina, abandonando as almofadas que possuia e, numa avalanche de corpo, tangenciasse seu trajeto, frustrando seu plano.
Eis, amigos, a vida como ela é: sejam quantas forem as almofadas este é um mundo pequeno demais para duas bundas. E toda essa saga de paixão e dor, todo o retrato dessas vicissitudes humanas, metaforizados pela ação corporal e sem palavras de duas atrizes num cenário composto por quatro almofadas.
Não é supimpa?

Bale pueblo!
Júlio.