quinta-feira, 26 de março de 2009

Gaiola de Moscas


Aqui vão as informações sobre o espetáculo para apreciação do grupo.


Gaiola de Moscas (50 minutos– comédia - Recomendação: livre)


A divertida história de Zuzé Bisgate, Armantinha e Julbernardo é recriada num contexto imaginário, que remete a um vilarejo de Moçambique ou o interior de Pernambuco. Zuzé é um curioso comerciante, vendedor de cuspes e moscas para funerais. Sua mulher Armantinha sonha com um beijo e se encanta por um forasteiro vendedor de “pintadas” de batons. Sonoridade e música executadas ao vivo sustentam a movimentação dos intérpretes, que são “brincantes do conto” e instauram o clima vivenciado nos brinquedos populares.

Apresentações:
SENAI SÃO BERNARDO
3/4/2009
20:00
SENAI SÃO BERNARDO
4/4/2009
20:00
SESI SANTO ANDRÉ
5/4/2009
20:00
SESI SANTO ANDRÉ

Paula

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Estou até agora regurgitando o Gaiola de Moscas

    Confesso que sai do espetáculo um pouco frustrada porque ouvia demoradas gargalhadas que não eram minhas. E pensei que a peça havia sido muito divertida e portanto eu havia perdido a oportunidade de rir até o fim. De fato dei sinceras e boas gargalhadas nos primeiros dez ou quinze minutos, mas depois parece que a extraordinária performance dos atores e a narrativa burlesca e divertida dos personagens já não fazia nenhum efeito sobre mim.E explico porque.
    Primeiro quero deixar claro, antes que me execrem, que esse meu relato não significa jamais uma crítica em relação à indiscutível qualidade da peça, ao desenvolvimento dinâmico da narrativa, ao extraordinário domínio de corpo dos atores, à estruturação do enredo ou das cenas ou qualquer outra coisa que valha a respeito da inegável qualidade técnica da obra. Até porque eu não teria elementos ou base para isso. Mas creio que todos nós que fomos ver pudemos reconhecer , no tom geral do espetáculo, uma conexão com vários aspectos e conceitos sobre a formação do ator suscitados no trabalho da oficina .Claro que eu não saberia levantar agora assim, de cara, nesse exato momento, quais aspectos seriam esses, mas que los hay, los hay e tenho certeza que alguém o fará ( aliás, não era essa a proposta?)
    Apenas falo de uma experiência de espectador. Falo mais do que de uma experiência, falo de uma perplexidade: fiquei parada nas imagens que a metáfora do título haviam me sugerido: Gaiola de Moscas. Gaiola de moscas ...! Gaiola de Moscas ?????????????????????????????????????????????????????????????????????????
    O que esperar de um espetáculo com esse nome ? Uma idéia genial. Era como se essa idéia por si só construísse uma intrigante e curiosa metáfora e qualquer argumento, narrativa, ou situação representada estivesse aquém dessa idéia maior, misteriosa e soberana. Fiquei assim parada, pensando; o sujeito com a gaiola na mão (acho que pode ser que tenha perdido o fio da meada do espetáculo, vai ver a coisa é assim, menos filosófica, entende...).
    Mas, eu, se fosse diretor, parava a cena por ali. Porque imagina com que propósito um ser prenderia moscas, como passarinhos, numa gaiola... Pode imaginar a cabeça desse sujeito ? A quantas anda ? E mais ainda, pensando numa gaiola, gaiola, gaiola dessas que a gente conhece ( a mesma da mão do personagem, igualzinha a uma daquelas) por que não fugiriam as moscas pelas frestas ?
    Vendo o argumento do espetáculo, a questão até parece se resolver na estrutura anedótica da narrativa e na caracterização dos personagens muito associada à figura do anti-herói.
    Zuzé Bisgate, por exemplo, é cuspido e escarrado ( literalmente) o Pedro Malasartes. Uma espécie de espertalhão popular que acredita poder driblar com sua sagacidade e argúcia, as vicissitudes de um cotidiano humilde e difícil. Junto com sua mulher e o vendedor de batons boca loca ( o Victor Valentim de Pernambuco)representa o herói popular criativo e malicioso que dá um jeitinho brasileiro em tudo para se safar da pior.Mas não é um sujeito ruim, pelo contrário, ainda conserva a inocência e o sonho das criaturas , cuja identidade ainda está marcada por valores genuínos advindos de uma cultura tradicional .A linguagem , os costumes e comportamento dos personagens constroem em torno deles um imaginário mítico, quase surreal.Assim é que pode parecer factível viver de engraxar sapatos com cuspe e engaiolar moscas para vender em funerais.
    Mas, mesmo assim, a idéia de uma Gaiola de Moscas parece velar, detrás de si outras possíveis metáforas, que de fato, não consegui apreender, mas intuo que possam existir. Se as moscas , mosquitinhos e tais são vendidos a precinhos baratos para nos fazer companhia no velório, minha fértil imaginação pode antever as barrinhas de metal do semi-circulo onde outrora cantavam passarinhos se transformarem em frágeis vertebrazinhas e costelas toráxicas sendo invadidas por minúsculos canibaizinhos de asas.
    E a idéia de termos, ao invés de corpos, gaiolas em cena não me parece ser muito engraçada...

    Claudia Sarro

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