sexta-feira, 19 de junho de 2009

a prosapoética da mentecorpo

A gente não tem um corpo, a gente é um corpo.

Mente X Corpo. A mente que briga com o corpo, que se separa dele. Aquela mente que pensa enquanto anda, e do andar, só andar. Um corpo que anda. Um corpo que é só uma estrutura, a carcaça na qual a minha alma se instalou pra uma vida. Distância, corpo é coisa de quem dança, e ainda assim, eu danço pra me sentir bem enquanto danço. Aí, a mente de novo tomando a frente e fazendo a carcaça se movimentar em prol do que ela deseja. Se mente deseja, corta o processo do corpo, e pára, se ela deseja, manda que o corpo se cale. "É uma fila de banco, corpo, aqui não é lugar pra dançar".

Mente + Corpo. Iniciamos um processo de abertura. Expansão. Abrir espaços. Afinal, porque meu corpo se sente tão cansado? Ah, falta de ar. Respira. Deixa os espaços que existem no seu corpo serem usados para o que eles podem e devem ser. Não ignore seus ossos, não ignore seu peso. Experimenta, porque é preciso ter vontade de experimentar o meu corpo pra ver até onde ele pode ir. "Quer mexer?". Até onde ele se cansa? Até onde ele consegue? Até onde é gostoso, e a partir de onde deixa de ser? Onde mora a curiosidade da mente de saber mais de si mesma?

MenteCorpo. O ar entra, às vezes eu noto, às vezes não, mas meus espaços já estão disponíveis. E se não estou, se estou tensa, reconheço; entendo e dou espaço pro corpo chegar. A mentecorpo já se respeita no desejo de permanecer, de esticar e de achar o conforto. E quando é preciso, a mentecorpo se provoca. É feito brincadeira de criança. Hora funciona bastante, hora perde o eixo. Mas a mentecorpo entende, doce de si, ri e continua.

A mente diz para o corpo que vai trazer suas experiências e suas curiosidades pra somar com os seus. O corpo, tímido na falta (que não faz) do verbo, de verbalizar, diz que aceita a brincadeira. Mas que às vezes quer brincar com música, ás vezes quer brincar com o silêncio.

mentecorporalmente,
Kéroly.

2 comentários:

  1. Que bonito!
    Ilustrou muito bem um caminho dentro desse processo...espero que tudo isso fique guardado na memória, da mente e do corpo

    Lilian

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  2. Penso mesmo que o mais interessante é quando este corpomente convergem numa harmonia prazerosa... Muito bonita a poéticareflexão das sensações... Elas contribuem transformando em texto a percepção que também outros tenham do seu trabalho!

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