quarta-feira, 18 de novembro de 2009

da poética ao espaço

''A gente se deu tão bem, que o tempo sentiu inveja, ele ficou zangado e decidiu que era melhor ser mais veloz e passar rápido..."

O segundo encontro extra do dia 14/11 começou leve e quente. Ainda não estamos todos, mas estamos, firmes e fortes, com o corpo que acredita na poética, na ação e na cena.
Alongamos em duplas, pra lembrar de tudo que temos de repertório juntos. Grandes, pequenos, próximos. O ritual da preparação para o trabalho é sempre gostoso e confortável, preciso dizer; respiração sagrada.

Pro chão. Um deitado do lado do outro; um poético surfando em cima de outros poéticos. Como o grupo se organiza para levar o outro que está por cima? Divertido, um divertido do grupo, um divertido onde todos os desafortundos riam juntos, os leves, os pesados, todos.

Daí, mãos num buraquinho da clavícula, até que o corpo não resiste e se entrega ao chão. Onde a respiração vai, como abrir mais espaços, como acalmar a inquietação da semana para prestar atenção em algo tão sutil, é abrir espaço para a poética passar. As costelas que se expandem para o ar entrar e circular. Trabalho difícil e delicado, sensível.

Para o texto. Em roda, com os textos nas mãos, lemos a primeira parte do espetáculo, tomando conto de novo com nosso personagem, com suas falas e suas respirações de texto. Juntos, batemos o texto em movimento num jogo que se tornou uma apressada dança das cadeiras. Quem perdia pagava a prenda do trabalho: abdominal. Rápido, ritmo. Lembrar da urgência que o texto pede, e onde pede. Lembrar de esquecer como falar o texto e brincar de novos jeitos. Lembrar de brincar. Brincar de lembrar, e esquecer.

Uma apropriação do texto, trazendo ele pra ponta da lingua e nos lembrando qual era o espaço nele que a gente podia respirar e criar sub-conversas, sub-textos. E deste estudo, separados em grupos, voltamos ao texto modificado e ao original para tentar entender o que do texto poderia ser aprimorado para que o texto chegasse mais ao público. O que o Pirandello não teve tempo de revisitar, o que nesta nossa maneira de contar o texto, pode ficar mais claro? A difícil tarefa de dirigir.

Após o almoço, levamos nossos figurinos para passear e participamos do Cortejo que deu início ao Cena Aberta (evento do qual honradamente participaremos no último dia!). Os grupos, e os artistas da cidade encontraram-se, coloridos, pra levar a arte para dar uma volta na cidade, chamando o povo pra olhar. Lá estávamos coloridos e calorentos, Spizzi, Quaquèo, Mara-Mara, Madalena. Foi bonito ver as nossas cores andando pela rua. Exercício bom, exercício que dá orgulho de contar. Estávamos e fizemos, ação: a poética do corpo na rua.
Faltou Ronaldo sábado, mas a gente espera ansioso pra que ele apareça esse sábado, e contamine a todos com aquela inquietação batucante que tanto nos cativa.

Só não esqueça. Inspirar em 4, segurar em 2, e soltar...

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