sexta-feira, 17 de abril de 2009

Corpo de Baile

47 do segundo tempo.

quase no final do começo do final da semana, venho, por meio desta, executar minha tarefa de casa. pois bem, vamos nós.

começa o espetáculo, os atores já iniciam atrás da cortina. como uma família hospitaleira de uma cidade interiorana que recebe (ou chega?) seus convidados. nos cumprimentam e seus cumprimentos me atraí por uma única coisa: a qualidade da presença. eu via corpos acesos.

eles estancam. olho para cada um e me atento às suas bases: o pé. fincadinho no chão do palco. cada um a seu modo - o que lhes davam individualidade (que provavelmente se reflete no modo que foi construído e constituído o trabalho.) enraizamento.

a peça de fato começa. o homem solta sua voz e sua fala compõe o corpo que a comporta. dançam voz e corpo; a flauta e a serpente.

ainda havia a outra música. esta era externa ao corpo, mas interna a estória (grafia autorizada por moi!) às vezes esta encantava por demais. às vezes, nessas horas, me perdia da estória. mas voltava à ela e lá estava: ainda corpo. ainda a voz.

a briga: uma briga dançada ou uma dança brigada? a fluidez fez o mistério de tostines; o ovo ou a galinha? - silêncio meu.

movimentos variáveis, que se alternavam de acordo com a contação, de acordo com o que a estória pedia. movimentos tensos, repentinamente relaxados, grandes e logo miúdos, frenéticos e de repente: stop.

falem agora (eu comigo, me dizia): e diziam. respiração normal. (que tipo de controle esses "atletas afetivos" alcançaram, dentro de suas trajetórias pessoais e coletivas?) com todo esse corpo de baile, a voz estava lá, nítida, presente. incansável.

uma estória me era contada. e a sei. pergunto-me agora: que estórias podem nos contar um corpo?


diogo

Nenhum comentário:

Postar um comentário