quinta-feira, 9 de abril de 2009

Sobre Gaiola de Moscas

Fui assitir ao espetáculo "Gaiola de Moscas" no último domingo.
Gostei.
Uma história de autor africano transposta para o interior do Brasil e narrada com corpo, dança, voz, instrumentos dos mais diversos e alguns objetos que apareciam apenas na hora em que deviam aparecer.
Gostei das sombras também. A iluminação permitia que o atores e atrizes ficassem pequenos - como são as moscas, talvez - quando na frente de suas sombras gigantestacas projetadas na parede escura.
Gostei de como a música ganhava cena e punha em cena a dança, tão discreta às vezes, em corpos que em grande parte do tempo dançavam sem avisar. Disso eu gostei muito: de como os corpos transitavam do dançar para o não-dançar ou faziam o caminho contrário de forma sutil.
Como ponto alto escolheria a coreografia da luta entre Zuzé e o Pinta-Bocas, assistida pelas mulheres que ora intervinham ora choravam. As imagens saltavam da cena! O ritmo bem casado entre a música, os passos e gestos, e a história da briga que se narrava permitiam esse efeito.
A descontração e o humor ao narrar nos faziam rir de nós mesmos, que compramos também cuspes para lustrar nossos sapatos, batom para pintar as bocas e até moscas para voarem, cantarem, chorarem ou desmaiarem no nosso enterro. Compramos quando quem nos vende vende bem. E vendemos também o que for - nossa saliva, nossa batom, os préstimos de nossas moscas - quando se faz necessário.
Por essas e outras, gostei.

Raquel Zanelatto

Nenhum comentário:

Postar um comentário